sexta-feira, 28 de abril de 2023

Estudo da UFF defende a educação inclusiva como forma de enfrentar a violência nas escolas

 


O caso de homicídio da professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morta por um aluno numa escola de SP na última semana, tem causado grande comoção social e levantado debates sobre o histórico brasileiro crescente de violência nas instituições de ensino. Segundo relatório entregue por doze especialistas em educação e extremismo no ano passado, 35 estudantes e professores foram assassinados em ataques a escolas no Brasil desde o início dos anos 2000. Além disso, o levantamento informa que ataques com armas de fogo praticados por alunos e ex-alunos, em geral, são normalmente associados ao bullying e exposição a situações violentas, incluindo negligências familiares, autoritarismo parental e conteúdo disseminado em redes sociais e aplicativos de trocas de mensagem.

Pensando em reverter esse quadro, o estudo “Violência Escolar: Discriminação, Bullying e Responsabilidade”, coordenado pela professora Valdelucia Alves da Costa, desde 2018, promove estudos, pesquisas, oficinas e palestras sobre a temática, visando a capacitação de professores, educadores e instituições de ensino. “Neste projeto, foi consolidada uma rede com 27 pesquisadores de diversas regiões do Brasil, sendo 12 de universidades públicas nacionais e quatro estrangeiras (Argentina, Espanha, México e Portugal), vinculados aos cursos de Pedagogia, Psicologia, Filosofia e Ciências Sociais. Neste estudo, foi avaliado o processo de implementação das Políticas Públicas de Educação Inclusiva no Município de Niterói, com base em cinco escolas públicas no que se refere à inclusão de estudantes que sofrem com a manifestação da violência expressa pelo bullying e o preconceito”, afirma.

A professora aponta que os resultados da pesquisa revelaram que a escola produz violência, com destaque para as regras disciplinares, nem sempre discutidas de maneira coletiva para que os estudantes entendam seu sentido e a necessidade do aprendizado para se orientarem e viverem em comunidade. A docente acredita que instituições de ensino precisam promover um clima que não amedronta, não se impõe pelo castigo e nem reprime a voz dos estudantes, que permita o exercício da autoridade docente de maneira a favorecer o encontro e a identificação dos estudantes.